02 novembro 2005

Futebol sem publico.

O público pode, por vezes, prejudicar o futebol, mas o futebol sem público não existe, como se comprovou ontem no Giuseppe Meazza, onde o golaço de Hugo Almeida merecia muito mais do que o silencio das bancadas despidas de publico. Um cenário perturbador com o qual a equipa de Co Adriaanse conviveu melhor durante quase toda a partida. Até um penalty começar a deitar por terra uma vitória que o golo aos 16 minutos indicara como possível. O FC Porto recuou no último quarto de hora da partida e saiu de Milão com uma derrota comprometedora para o seu futuro nesta Liga dos Campeões.
As bancadas do Giuseppe Meazza apresentavam ontem um aspecto desolador apesar de um grande "Ti amo" escrito num pano com as cores nerazzurri numa das bancadas, mais algumas mensagens depositadas atrás das duas balizas e cerca de 400 pessoas - convidados, dirigentes, adeptos e jornalistas - espalhadas pela outra bancada.
O jogo à porta fechada significava mesmo isso, portas fechadas. Das 42 portas de entrada em San Siro, só duas foram abertas - uma para os jornalistas, outra para os serviços de apoio. O Inter-FC Porto era como uma festa de acesso muito reservado. O remate de Figo ao lado, o cabeceamento de Martins parado pelas mãos de Baía, a bola dividida entre Hugo Almeida e Samuel, tudo surgia sem o complemento sonoro das bancadas. Faltaram, sobretudo, 80 mil caras de espanto perante o fenomenal golo conseguido por Hugo Almeida.
No relvado, o mesmo FC Porto que dias antes fora incapaz de ultrapassar a defesa do Setúbal mostrava-se suficiente para poder bater um Inter afectado por mais uma das suas crises habituais. Para lá do golo de Hugo Almeida, era sobretudo a imagem de facilidade no controlo do futebol do adversário que impressionava na equipa de Adriaanse. Os italianos conseguiram apenas por duas vezes ameaçar as redes de Vítor Baía na primeira parte.
Mas, na segunda parte, Co Adriaanse resolveu defender o 1-0 demasiado cedo. Convidou o Inter a subir no terreno fazendo entrar Meireles (trinco) e depois Bruno Alves, tendo saído Alan e Assunção, dando com isso um "empurrão" psicológico ao Inter, "empurrão" esse que um estádio vazio lhe negava e viu as falhas de Pedro Emanuel castigar-lhe o comodismo. O resto foi feito por Júlio Cruz, que entrara para o lugar de Adriano aos 60 minutos. A tempo de marcar dois golos e derrotar o FC Porto, quase em silêncio.

Agora só as vitórias frente ao Glasgow e ao Artmedia poderão alimentar o sonho do FC Porto seguir em frente.

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