24 novembro 2005

FC Porto empata com o Glasgow e passa a depender de terceiros.

A equipa do Rangers é tudo o que os maus resultados dizem dela. O problema de Co Adriaanse é que o FC Porto também. Ingenuidade e desconcentração são virtudes muito mal cotadas na Liga dos Campeões, vá lá saber-se por quê, e é por isso que os dragões têm um pé fora da prova.
Nos próximos dias, Co Adriaanse há-de ser censurado por ter alterado o onze, contra as expectativas de quem vinha observando a evolução do FC Porto, baseada no entendimento entre Lucho, Assunção e Ibson. Dessa coincidência, o holandês não pode livrar-se - mudou e não ganhou -, mas não deve ser assim tão simples. Adriaanse entendeu ao que vinham os escoceses e investiu nos recursos adicionais de Diego, bem como na velocidade, abdicando de combater o Rangers na especialidade dele, o físico. Por isso, ficaram no banco Ibson e Hugo Almeida, sem que se possa, honestamente, defender que qualquer esquema alternativo pudesse ter resultado melhor: contra cinco médios, três deles defensivos, e um avançado que joga, juntamente com todos os colegas, atrás da linha da bola, não há milagres.
Quer dizer, é suposto que não haja. O FC Porto mudou ao intervalo, descartando o central que tinha obviamente a mais para jogar com outro ponta-de-lança, Hugo Almeida, ao lado de Lisandro, ontem transplantado com êxito para essa posição. O risco até foi controlado, porque Adriaanse tinha Bruno Alves a aquecer e obrigou o quarto árbitro a pô-lo em jogo pouco depois de Lisandro ter feito o golo: voltava tudo ao esquema original, passava a ser o Rangers obrigado a mexer-se e como poderia fazê-lo, sem Prso, sem desequilibradores, sem um jogador que valha sequer a pena destacar? É neste ponto que convém nunca menosprezar as capacidades deste FC Porto para inventar as soluções que os adversários não têm.
Durante algum tempo, as boas graças de Adriaanse mantiveram-se. Mesmo sem Ibson e ainda que regressando à muito duvidosa valorização de Jorginho no meio-campo - uma insistência comum a uma série de dias infelizes do FC Porto -, a equipa resistiu bastante bem uns quantos minutos às entradas de dois avançados e um médio ofensivo no Rangers, antes de fraquejar numa jogada que talvez convenha explorar melhor no jornal de amanhã. Por que motivo não estava ninguém na esquerda aos 84 minutos? Porquê aqueles metros ganhos tão facilmente por Ricksen? Como se explica um cruzamento tão facilitado? Por que se deixou o FC Porto empurrar? Por que se deixa o FC Porto empurrar sempre? É neste aspecto que, de um ponto de vista pedagógico, Co Adriaanse pode ter responsabilidades. Em Glasgow, em casa com o Artmedia e em Milão faltou sempre inteligência no relvado. Faltou sempre quem soubesse como ganhar jogos. À falta de uma explicação devidamente certificada em laboratório, fica a coincidência lá de trás: o holandês mudou um meio-campo equilibrado, que parecia saber o que estava a fazer, e a verdade é que não ganhou o jogo. Se calhar, o que parece é.

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