Foi assim com estes cânticos que a equipa do Sporting CP abandonou ontem o Estádio da Mata Real depois de ter perdido com o Paços de Ferreira por 3-0. O treinador do Sporting assim como a equipa sofreram forte contestação por parte de cerca de 100 adeptos ‘leoninos’ que aguardaram a saída do autocarro da equipa da Mata Real. Seguranças privados tiveram de formar um cordão para facilitar a saída do técnico.
No dia em que jogava tudo e podia até responder aos contestatários com a subida à liderança da Liga, José Peseiro cometeu ‘hara-kiri’, sacrificando a identidade da equipa do Sporting através de uma atitude expectante e condenando a sua própria credibilidade com a colocação de Anderson Polga a defesa-esquerdo. A equipa estava com medo e ele também. Só assim se explica que um Paços de Ferreira apenas banal tenha podido vencer o Sporting por 3-0 num jogo que acabou com “olés” vindos das bancadas.
Já se esperava que o Sporting aparecesse em Paços de Ferreira sem confiança, mas nem os mais pessimistas arriscariam o que se viu: uma equipa presa, sem ligação nem capacidade de chegar à frente, a ceder a iniciativa e a tentar tudo nalguns pontapés longos, sempre condenados ao fracasso pela pouca mobilidade do irreconhecível Liedson. O Sporting vivia apenas da meia distância de Moutinho e do voluntarismo de Deivid e o Paços, no seu habitual 4x3x3, tinha pela frente uma oportunidade de ouro para vencer um grande.
É verdade que o Sporting não teve sorte nos momentos capitais: sofreu os dois primeiros golos nos últimos cinco minutos da primeira parte, um num livre repetido sem razão aparente e outro na sequência de um corte de Beto para o poste, e o terceiro nos descontos finais. Mas também não fez nada para a merecer: só na segunda parte, quando Peseiro fez três trocas e arriscou tudo num 4x2x4 com Wender e Douala nas alas os ‘leões’ cercaram a baliza de Pedro. Mas aí também era o Paços que não queria jogar mais e se limitava a fazer controlo de danos. Sem grande dificuldade: só por uma vez o Sporting esteve à beira de marcar, mas Wender, isolado por Deivid, chutou contra o guarda-redes.
José Peseiro assumiu, logo após o jogo, que a estratégia não resultou, lamentando ainda a fraca primeira parte do Sporting. “A primeira parte foi pobre, muito aquém do nosso valor. A estratégia também não resultou, mas na segunda parte melhorámos e podíamos ter feito golos e discutir o resultado”, disse, contornando a questão acerca da sua eventual saída do clube.
“Vamos ter tempo para reflectir sobre o que está mal”, avançou, reconhecendo que “a equipa foi frágil na transição. O Paços fez mossa”. Já Ricardo, que rendeu o lesionado Nélson ao intervalo e assim regressou à baliza, lamentou o desaire, mas lembrou que há ainda muito para jogar: “Não há razão para tanta especulação. Ainda há muito campeonato para jogar. É nos momentos difíceis que temos de dar as mãos”, disse.
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