Adriaanse e Koeman vão a exame.

O clássico de hoje à noite vale muito mais do que os três pontos em jogo. Vale, porventura, uma época, pela força que confere ao vencedor e as dúvidas que provoca no derrotado, mas vale também pelo inédito confronto de dois treinadores holandeses nas duas principais equipas do campeonato português. E essa será mesmo a grande novidade do F. C. Porto-Benfica desta noite (21 horas, SportTV), que, por uma vez, promete ser um jogo mais de conquista do que de expectativa.

Adriaanse, que em oito assaltos nunca derrubou Koeman, já disse que não vai mudar nada. Declaração desnecessária, porque desde que chegou a Portugal mostrou sempre uma sedutora vertigem pelo futebol de ataque. Do outro lado, Koeman vai tentar quebrar 14 anos do Benfica sem vitórias no Porto, depois dos já longínquos dois golos de César Brito em 1991, ele que também tem uma cultura de procurar a vitória.

A partida do Dragão vai ser acima de tudo o exame aos dois treinadores. A Adriaanse, porque depois de ter conseguido construir uma equipa num mês e depois de a ter posto a jogar bem em mês e meio, falhou rotundamente nos jogos da Liga dos Campeões, as únicas duas partidas em que o grau de exigência era parecido com que o vai enfrentar esta noite. A Koeman, porque depois do arranque de pesadelo colocou a equipa nos eixos, especialmente depois da chegada de Miccoli e de Karagounis, que será esta noite uma espécie de joker, para guardar a bola e lançar o contra-ataque.

Pelo discurso dos dois holandeses, Adriaanse acredita na equipa como ninguém. Acredita muito mais, por exemplo, do que os próprios adeptos, a quem a catadupa de golos sofridos cria mais dúvidas do que certezas. Ao contrário, do lado do Benfica são os adeptos que mais acreditam, especialmente depois da recuperação de quatro pontos na Liga e da "moralizadora" derrota em Old Trafford. Koeman, esse, continua cauteloso, temendo por certo que o boi preto se volte a cruzar no seu caminho.

Aconteça o que acontecer, o campeonato será necessariamente diferente